Agora o Movimento Agro traz mensalmente o Boletim Agro30 Doutor Agro. Marcos Fava Neves é Professor Titular dos cursos de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAEASP/FGV em São Paulo. Especialista em planejamento estratégico do agronegócio.
No Boletim Agro30 de Julho, o Professor Marcos Fava Neves traz uma visão atual do agro com as principais informações e ainda 5 pontos importantes que merecem acompanhamento em agosto.
Veja a análise do especialista. Sobre a perspectiva para a economia existem sinais de melhoria, o Boletim Focus estima um crescimento do PIB 5,26% para 2021 e o câmbio terminaria em dezembro a R$ 5,05.
O Relatório do USDA que faz o balanço mundial de grãos, veio praticamente inalterado com uma produção de 385 milhões de toneladas de soja, dos quais 144 milhões no Brasil, 120 milhões nos Estados Unidos e 52 milhões na Argentina. No milho as estimativas são de quase 1,2 bilhão de toneladas, Estados Unidos com 385 milhões e o Brasil com 118 milhões nesta próxima safra.
Da Conab veio a estimativa de Safra 2020/2021 agora em 261 milhões de toneladas o que dá 1,5% acima do que foi a safra 2019/2020. No milho, a expectativa é de 93,4 milhões de toneladas, com expectativa de 110 milhões de toneladas no início das projeções, caminhando para uma menor produção.
Outro dado interessante é o VBP (Valor Bruto da Produção) que vai crescer 10% em relação a 2020. O VBP está estimado em R$ 1,1 trilhão, frente os R$ 955 bilhões do ano anterior.
Outro número fantástico, segundo o especialista foram as exportações de junho do Agro que cresceram 25% principalmente em função dos preços maiores; foram US$ 12,1 bilhões, sendo o maior registro para o mês de junho. A soja US$ 6,2 bilhões, as carnes US$ 1,8 bilhões e a carne bovina bateu o recorde US$ 834 milhões de dólares, 13% acima de junho mesmo com queda de 7% no volume total. O Brasil exportou na metade desse ano de 2021, US$ 61 bilhões.
O que assusta muito é o aumento do custo produção, segundo a APROSOJA que divulgou um estudo recente, o custo de produção da soja está chegando a mais de R$ 2.700,00 por hectare, um aumento de 12% em relação ao ciclo anterior.
O setor de máquinas divulgou informações, onde espera um crescimento 30% na venda de máquinas, onde preocupa um pouco a ausência de peças e outro dado interessante desse mês vem do relatório da OECD-FAO Agriculture Outlook, que estimam que o Brasil ampliará o seu papel como exportador, especialmente para produtos como a carne bovina, a soja, o açúcar e o milho.
Na área de insumos, o Brasil vai plantar mais de 70 milhões de hectares de grãos agora na próxima safra. Destaque também para a concessão da BR-163, principal rodovia para o escoamento de grãos do Centro-Oeste para o arco norte, a BR deve receber investimentos de R$ 2 bilhões após o seu leilão que acontece no começo de julho.
Em termo de preços para entrega em São Paulo, a soja está cotada a R$ 160,00 por saca e a soja do ano que vem R$ 149,00 para entregar em fevereiro de 2022. Com a mega safra brasileira e o clima indo bem nos EUA a tendência é que os preços no ano que vem não se mantenham nos mesmos patamares. O milho também teve um aumento em virtude da estiagem e da geada que impactou a produção.
Confira abaixo os “cinco fatos do agro” que, na visão do especialista, merecem ser acompanhados no mês de agosto:
1. A colheita do milho segunda safra e o volume produzido, o avanço das exportações de grãos do Brasil e o abastecimento interno;
2. A evolução dos custos para o plantio da safra 2021/22, as decisões de compra e venda;
3. A crise hídrica e as medidas a serem tomadas;
4. O câmbio e as perspectivas econômicas com a aceleração da vacinação;
5. O andamento da safra americana. As condições das lavouras de milho nos EUA melhoraram e chegaram a 65% de bom e ótimo com temperaturas mais amenas e boas chuvas. Agora esperar o clima em julho/agosto, que pode esquentar demais e ficar seco.