Depois de seis meses de altas consecutivas, o preço do leite captado em setembro e pago aos produtores em outubro registou queda real de 3,4%, chegando a R$ 2,3305/litro na “Média Brasil” líquida do Cepea. O valor é 2,5% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado, em termos reais (dados deflacionados pelo IPCA de outubro de 2021). E a expectativa de agentes do setor é de que este movimento de desvalorização persista e se intensifique nos próximos meses. Pesquisas ainda em andamento do Cepea apontam para a possibilidade de a “Média Brasil” recuar mais 5% em novembro.
A desvalorização do leite no campo tem seguido a tendência sazonal dos preços. Como grande parte dos sistemas produtivos de leite no Brasil depende de pastagens para a alimentação animal, o retorno das chuvas da primavera melhora a disponibilidade de forragem e, com isso, espera-se incremento na oferta a partir de setembro. A pesquisa do Cepea mostra que, de agosto para setembro, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) avançou 2,2% na “Média Brasil”, favorecido pelo clima e também pela melhor relação de troca do leite frente ao milho. Ainda assim, os custos de produção seguem elevados, impulsionados pelas altas de adubos e corretivos, combustíveis e suplementos minerais (ver seção Custos de Produção, na página 7).
Com maiores custos de produção – e, consequentemente, margens apertadas e menor ritmo de investimentos na atividade neste ano –, o aumento da produção de leite neste início de safra tem ocorrido de forma mais lenta do que em anos anteriores. Não obstante, as importações de lácteos se elevaram 15,4% de setembro para outubro (ver seção Mercado Internacional, na página 6).
Contudo, esse incremento na oferta tem ocorrido em um momento de forte diminuição do consumo por lácteos – o que tem elevado estoques e pressionado as cotações dos derivados. Desde meados de agosto, observa-se queda contínua nos preços dos principais lácteos consumidos no País. Em outubro, agentes de mercado consultados pelo Cepea relataram dificuldades em manter o ritmo das negociações. Assim, para assegurar liquidez de vendas, estes agentes têm recorrido a promoções, disputando, via preço, consumidores (ver seção Derivados, na página 5).
Com a demanda por lácteos fragilizada, o preço médio do leite spot em Minas Gerais caiu 8,6% da primeira para a segunda quinzena de outubro, chegando a R$ 2,14/litro. E esse movimento de desvalorização continuou em novembro, e a média chegou a R$ 1,96/litro na segunda quinzena deste mês. Assim, de setembro para novembro, houve queda acumulada real de 24,9% no valor médio do spot em Minas Gerais (dados deflacionados pelo IPCA de outubro/21). Por ser mais dinâmico, o mercado do leite spot é o primeiro a registrar o impacto dos choques de oferta e demanda por lácteos – sinalizando tendências para as cotações ao produtor no mês subsequente.
Milho: Com menor demanda e possível safra volumosa, movimento de baixa continua
Os preços do milho recuaram pelo terceiro mês consecutivo no mercado brasileiro, pressionados pelo baixo interesse de compradores, que sinalizam ter estoques. Além disso, muitos estão atentos às perspectivas de boa safra 2021/22 e de estoques confortáveis, visto que as exportações estão desaquecidas.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, entre 29 de outubro e 12 de novembro, os valores do cereal recuaram 3,6% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 3,7% no de lotes (negociações entre empresas).
O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas, SP) registrou baixa de 4,7% no acumulado do mês, fechando a R$ 82,75/sc da 60 kg no dia 12. A média parcial de novembro (até o dia 12), foi de R$ 85,4/sc de 60 kg, 5% inferior à de outubro, mas ainda 6% maior que a de novembro/20.
Quanto às estimativas oficiais, dados da Conab indicam que a produção total da safra 2021/22 pode registrar o novo recorde de 116,71 milhões de toneladas, 34% superior ao registrado na temporada 2020/21.
Em relação às exportações, foram embarcadas 12,31 milhões de toneladas de milho entre fevereiro e outubro deste ano, muito abaixo das 20 milhões de toneladas estimadas pela Conab no relatório de novembro – vale lembrar que a temporada de exportação 2020/21 se encerra em janeiro/22.
Farelo de Soja: Prêmio de exportação é o menor em cinco meses
No Brasil, os prêmios de exportação do farelo de soja registraram quedas significativas na primeira quinzena de novembro, chegando aos menores patamares em cinco meses. A pressão está atrelada às baixas demandas externa e doméstica, à maior oferta da matéria-prima e às expectativas de produção de soja recorde na safra 2021/22.
Além disso, a firme demanda por óleo de soja segue desafiando as indústrias na comercialização de farelo, uma vez que, para cada tonelada de grão processado, cerca de 78% produzem farelo e apenas 18%, óleo.
Diante disso, com base no porto de Paranaguá (PR), o prêmio de exportação do farelo de soja com embarque em dez/21 passou de US$ 12,00/tonelada no dia 3 de novembro para US$ 6,00/tonelada no dia 12.
De médio a longo prazos, observa-se contínua queda nos preços FOB do farelo de soja. Enquanto as negociações para embarque em dezembro/21 registraram média de US$ 386/t na primeira quinzena de novembro, as para abril/22 e maio/22 tiveram média de US$ 360/t, queda de 6,5%. Resta saber qual deverá ser a taxa de câmbio no período.
No spot nacional, o preço médio das regiões pesquisadas pelo Cepea registrou queda de 3,9% entre outubro e a primeira quinzena de novembro. No comparativo anual, as cotações estão expressivos 21,1% menores.
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