Guilherme Oliveira Rezende Carvalho é Médico Veterinário formado na UNA Bom Despacho, atualmente trabalha com assistência gerencial e reprodução na pecuária leiteira.
Atualmente a bovinocultura brasileira necessita passar por mudanças para ter maior valorização e aceitação no mercado global, estando essas correlacionadas à utilização da terra para a agricultura/pecuária, mão de obra e principalmente a aceitação de recomendações deixadas pelos gestores.
Sabe-se que para uma propriedade rural conseguir se sobressair é de grande valia estruturar o seu rebanho, melhorar a genética, intensificar áreas destinadas a produção de forragem verde na época das águas e para estação seca do ano e principalmente melhorar a eficiência reprodutiva do plantel.
A produtividade de um sistema intensivo, semi intensivo ou extensivo, assim como suas lucratividades são afetadas pela eficiência reprodutiva de seus rebanhos, uma vez que, se uma vaca não pare em um determinado período, o produtor possui três prejuízos significativos, sendo eles: menos um bezerro a ser vendido ou uma bezerra melhorada geneticamente a ser usada futuramente para reposição; segundo a perda de leite, que pode oscilar desde 4575 a 10675 litros por lactação, quando se considera uma lactação de 305 dias com produção média de 15 e 35 litros/dia respectivamente; e por fim o descarte involuntário da vaca, pois se estiver seca e vazia acarreta gastos, ligados a alimentação e se estiver parida e com DEL superior a 400 dias compensa inseminar?
Mediante tais aspectos, a reprodução é um dos fatores mais importantes dentro da cadeia produtiva de uma fazenda, todavia emprenhar vaca continua sendo uma tarefa difícil, visto que vários fatores influenciam a fêmea bovina a manifestar o cio, sendo eles: qualidade do ambiente em que vive, tipo de pavimentação, escore de condição corporal, ausência de doenças reprodutivas ou não, e o manejo alimentar.
Quando uma propriedade possui uma boa eficiência reprodutiva, ela é capaz de produzir um elevado volume de leite, estando os animais em início de lactação, ou seja, com DEL (dias em lactação) os quais apresentam maior capacidade em converter os constituintes da dieta em leite. Além desse fator, consegue-se também selecionar a genética para a reposição e a questão de descartar vacas volta-se para àquelas chamadas de “problemas” ou “velhas”.
Alguns índices devem ser avaliados mensalmente para averiguar o perfil reprodutivo do plantel e se o mesmo necessita de melhorias ou não, uma vez que quanto mais cedo os problemas forem diagnosticados e corrigidos menor será o prejuízo.
Esses referem-se ao período voluntário de espera cuja média brasileira varia de 45 – 90 dias pós-parto, podendo o mesmo ser reduzido a 30 dias, ou seja, se uma vaca estiver com boa condição corporal e se encontrar apta após exame ginecológico, ela deve retornar rapidamente a ciclicidade; taxa de serviço, de concepção e prenhez.
Embora as reduzidas taxas de serviço e concepção fazerem parte da realidade brasileira, as perdas gestacionais estão aumentando muito, uma vez que existe preconceito em usar vacinas contra as enfermidades reprodutivas, vacas magras são submetidas constantemente aos protocolos de IATF, e uso contínuo de técnicas biológicas modernas como fertilização in vitro e transferência de embrião.
Diante disso, fica claro que a reprodução afeta indiretamente e positivamente na decisão de um produtor ficar ou não na atividade leiteira, estando à aceitação do problema e admissão de modificações o grande desafio enfrentado rotineiramente pelos técnicos.