Esta é uma série, que traz trechos da publicação Boletim Técnico 199, da EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), Do pasto ao leite: uma atividade rentável e sustentável, Como produzir 18 mil litros de leite por hectare.
Em Santa Catarina, em função da grande densidade animal por área nas principais bacias leiteiras, com grande disponibilidade de adubos orgânicos (suínos, bovinos e aves), o uso dos adubos orgânicos tem se mostrado a forma mais eficiente e econômica de melhoria da fertilidade do solo. Dentre os diferentes tipos de adubo orgânico, destaca-se o uso de cama de aves. Esta adubação permite adubar o solo não somente com macronutrientes, mas também com micronutrientes, além do material orgânico. Este será decomposto, liberando os nutrientes mais lentamente em relação à adubação química. Apresenta como limitações para seu uso a disponibilidade ou não do produto em determinada região, impactando o custo da matéria-prima em função dos custos de transporte para outras regiões, além da necessidade de equipamentos específicos para espalhar o adubo.
Como exemplo, no ano de 2020, ao se comparar os preços médios anuais da cama de aves com adubos químicos, observou-se que a utilização de 1,0 tonelada de cama incorporou ao sistema solo-pasto aproximadamente 700 a 750kg de material orgânico com: 24kg de N, 26kg de P2O5, 19kg de K2O, 34kg de Ca, 7,5kg de Mg e, ainda, 187kg de Carbono orgânico. Para colocar esses mesmos nutrientes com adubos de síntese química, necessita-se de: 54kg de ureia, 33kg de cloreto de potássio, 65kg de superfosfato triplo e 250kg de calcário. O custo destes insumos no total tem valor médio no Estado de R$305,00 (trezentos e cinco reais), enquanto o custo da tonelada de cama de aves tem variação de R$60,00 a R$130,00, posto na propriedade. Este grande diferencial de valor deve-se principalmente aos custos de transporte e das distâncias percorridas da fonte até a propriedade.
Dessa forma, o incremento no solo de material orgânico (estercos + palhada), além de apresentar um custo relativo menor em relação aos adubos de síntese química, auxilia em longo prazo a melhoria dos teores de matéria orgânica nos ciclos bioquímicos e manutenção da umidade. Portanto é indicado que se priorize o uso de resíduos orgânicos como a cama de aves, por exemplo.
Por outro lado, a disponibilização em cobertura de adubos químicos nitrogenados (ex.: ureia) é fundamental, principalmente em épocas de maior necessidade de nitrogênio para estímulo ao desenvolvimento e à produção das forragens. A adubação nitrogenada deverá ser realizada dissociada da adubação
orgânica, em função da necessidade de maior volume de N disponibilizado. Os adubos orgânicos têm a presença de outros macronutrientes em quantidades que, se utilizados para atender as necessidades de N, terão grandes sobras, especialmente nos teores de potássio, acarretando problemas ambientais e disfunções nas plantas. Portanto, em média, a adubação nitrogenada é recomendada a cada dois pastejos, não se utilizando mais do que 50kg de N por hectare.