Esta é uma série, que traz trechos da publicação Boletim Técnico 199, da EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), Do pasto ao leite: uma atividade rentável e sustentável, Como produzir 18 mil litros de leite por hectare.
A intensificação dos sistemas implica necessariamente maior aporte de recursos físicos, financeiros e tecnológicos, necessitando de ajustes precisos e frequentes no manejo das pastagens e fertilidade do solo, assim como a utilização dos alimentos concentrados e/ou conservados. Instrumentos mais eficientes de gestão – a exemplo do planejamento forrageiro a médio e longo prazos e do planejamento adequado do sistema de piquetes para ajustar a produção e a oferta de pasto às demandas em curto prazo – deverão ser adotados e aprimoradas, sem esquecer-se do uso estratégico dos alimentos conservados e concentrados.
O planejamento alimentar se constitui na base fundamental para organizar o sistema produtivo. Auxilia na tomada de decisão, com o objetivo de estabelecer o dimensionamento adequado do rebanho, em função da área disponível para a produção de pasto (Figura 25), da escolha das pastagens, da sua capacidade de suporte (lotação), do seu ciclo produtivo e da produção de alimentos conservados.
O planejamento forrageiro busca disponibilizar forragens de alta qualidade e em quantidade adequada às necessidades de forragem do rebanho durante o ano inteiro, visando assegurar sua produtividade, persistência e eficiência na utilização das pastagens e na melhoria da produtividade por vaca e por área (hectare).
O planejamento tem como objetivos específicos:
Adequar a demanda de forragens à capacidade de produção dos pastos;
Adequar a estrutura de rebanho à capacidade produtiva dos pastos;
Aumentar a lotação de vacas por área (vacas ha);
Maximizar a produtividade por área (litros/ha);
Diminuir as necessidades de alimentos conservados.
Etapas do planejamento forrageiro
Antes de se proceder ao planejamento forrageiro é fundamental ter conhecimento de toda a propriedade, levantando todos os locais que serão utilizados e incluindo o aproveitamento das áreas para a exploração da atividade leiteira, com os seguintes passos:
Avaliar as áreas disponíveis da propriedade, declividade, pedregosidade, umidade, localização, disponibilidade de água etc.;
Avaliar as condições das pastagens existentes e da fertilidade do solo;
Dimensionar e estruturar o rebanho adequando os objetivos do produtor com a área e a capacidade de produção dos pastos;
Dimensionar as áreas e os tipos de pastos a implantar, de acordo com as condições de clima, a área da propriedade, a topografia, o tipo de solo e os objetivos do produtor.
Uso da planilha de planejamento forrageiro
A planilha de planejamento forrageiro é uma ferramenta que a Epagri coloca à disposição dos seus técnicos com o objetivo de facilitar o trabalho e difundir a sua utilização.
Cálculo do número de Unidades Animal (UA)
A projeção do rebanho futuro e da estrutura produtiva são fundamentais para um adequado planejamento forrageiro, ou seja, há a necessidade de hierarquizar os animais a partir da maior demanda por pasto. Para fins de planejamento, a estrutura de rebanho é definida a partir de uma estrutura prédeterminada, tendo como parâmetro médio que, para cada vaca presente no plantel, o rebanho apresentará 0,5 novilhas e 0,5 terneiras. A partir da projeção, devem-se transformar todas as categorias animais em Unidade Animal (450kg), utilizando-se os seguintes fatores de conversão, conforme Tabela 5.
Para calcular o número de Unidades Animal, multiplica-se o número de animais dentro de cada categoria animal (Figura 26) pelo fator de conversão.
Diferentes raças apresentam diferentes pesos de vaca na idade adulta. Em função disto, o sistema estabelece uma correlação entre o peso médio da vaca adulta de cada raça e 1,0 Unidade Animal. Quando o rebanho for da raça Holandesa ou Pardo-Suíça, deve-se aumentar o número de Unidades Animais em 25% e, quando for da raça Jersey, deve-se diminuir em 10% (Figura 27).