O preço do leite captado em abril/22 e pago aos produtores em maio/22 subiu 4,4% frente ao mês anterior, chegando a R$ 2,5444/litro na “Média Brasil” líquida do Cepea. Em relação a maio do ano passado, o aumento é de 11,8%, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de maio/22). Desde janeiro, especificamente, o leite no campo acumula valorização real de 14,5%. E as pesquisas ainda em andamento do Cepea apontam continuidade do movimento altista no campo, de modo que valor pago em junho, referente à captação de maio, pode avançar cerca de 5% na “Média Brasil” líquida.

A valorização de leite no campo se deve à menor oferta. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea caiu 3,7% entre março e abril, acumulando recuos de 8,2% desde o início deste ano e de 4,5% desde abril/21. Com menor disponibilidade de leite no campo, a concorrência entre as indústrias de laticínios para assegurar a captação de matéria-prima seguiu intensa, sustentando o movimento de elevação nos preços do leite cru naquele mês.

A menor produção de leite, por sua vez, está atrelada ao avanço do período de entressafra da produção, que ocorre sazonalmente entre o outono e o inverno – quando o clima mais seco prejudica a disponibilidade e a qualidade das pastagens. Contudo, é preciso lembrar que, neste ano, lidar com a entressafra está mais complicado para o produtor. As alterações climáticas ocorridas pela La Niña no final do ano passado prejudicaram a qualidade da silagem que, neste momento, compõe o manejo nutricional dos animais. Além disso, os elevados custos de produção com diversos insumos da atividade vêm pressionando as margens dos pecuaristas desde o ano passado, complicando os investimentos de longo prazo – o que tem reduzido o potencial de recuperação da oferta mesmo diante do aumento dos preços pagos ao produtor.

Apesar de os gastos com o concentrado terem recuado devido às recentes desvalorizações da soja e do milho, o desembolso do produtor com a alimentação do rebanho segue em patamar elevado. Além disso, outros insumos se valorizaram, como combustíveis, medicamentos e suplementação mineral. Ainda assim, pela primeira vez desde 2019, o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira não subiu: houve ligeiro recuou de 0,07% na “Média Brasil” em maio (ver seção Custos de Produção, na página 7).

Já em relação à demanda, as pesquisas do Cepea/OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) mostram que, até a primeira quinzena de maio, havia tendência de queda nas cotações dos lácteos, devido à procura enfraquecida na ponta final da cadeia. Contudo, a oferta enxuta no campo, a diminuição dos estoques de forma generalizada entre as indústrias e o encarecimento do leite spot (negociado entre as indústrias) a partir da segunda quinzena de maio inverteram essa tendência (ver seção Derivados, na página 5). Em Minas Gerais, o leite spot se valorizou 3,4% da primeira para a segunda quinzena de maio. Na média mensal, porém, o valor ficou praticamente estável (-01%) frente a abril, em R$ 3,01/litro. As negociações seguiram aquecidas em junho, com forte aumento de 26,2% na média mensal, que chegou a R$ 3,80/litro.

A baixa disponibilidade de leite e o aumento dos preços ao produtor e dos derivados elevou a competitividade dos produtos internacionais no mercado doméstico. Com isso, houve crescimento nas importações e recuo nas exportações de lácteos em maio (ver Mercado Internacional, na página 6).

MILHO: Colheita se inicia, mas comercialização ainda é lenta

A colheita da segunda safra de milho no Brasil começou no Centro-Oeste e em algumas regiões do Paraná, mas isso ainda não foi suficiente para aumentar a liquidez no mercado interno. Compradores devem esperar um maior volume de ofertas para os próximos meses, o que pode pressionar as cotações.

O Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas apresentou média mensal de R$ 85,63/saca de 60 kg na parcial de junho (até o dia 15), queda de 2% em comparação com a de maio, pressionado pela redução da demanda por compradores nacionais. No acumulado do mês (de 31 de maio a 15 de junho), os preços ficaram estáveis.

No agregado das regiões acompanhadas pelo Cepea, a média das regiões também recuou entre maio e a parcial de junho, com baixas de 1,6% e 2%, nos mercados de balcão e disponível, respectivamente.

O relatório da Conab divulgado no dia 8 de junho indicou que a produção da segunda safra deve totalizar 88 milhões de toneladas, crescimento de 45% sobre a temporada anterior e um recorde para uma segunda temporada, considerando-se todo o acompanhamento da Conab, que se iniciou em 1976/77.

Quanto à colheita, segue avançando em Goiás e Mato Grosso e foi iniciada no Paraná, com a redução das chuvas. Já em São Paulo e Minas Gerais, o início deve ocorrer apenas a partir do final de junho. Até o dia 11, a média nacional estava em 4,9% da área, acima do 1,5% registrado no mesmo período de 2021, segundo a Conab.

FARELO DE SOJA: Preços são os menores do ano em 20 regiões do País

Os preços do farelo de soja caíram na primeira quinzena de junho, registrando as médias mais baixas deste ano em 20 regiões brasileiras. A queda está atrelada à baixa demanda doméstica, visto que boa parte dos consumidores fez contratos para recebimento de médio a longo prazos e esteve pouco ativa nas aquisições de grandes volumes no mercado spot.

Diante disso, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, o farelo de soja se desvalorizou significativos 6,1% entre maio e a parcial de junho (até o dia 15 de junho). Em um ano, a baixa é de 1,3%. As seguintes regiões registraram os menores valores do ano: Triângulo Mineiro (MG), Araxá (MG), Rio Verde (GO), Itumbiara (GO), Anápolis (GO), Mogiana (SP), Sorocabana (SP), São Carlos (SP), Campinas (SP), Adamantina (SP), Noroeste (SP), Rondonópolis (MT), Maracajú (MS), Joaçaba (SC), Chapecó (SC), Oeste Catarinense (SC), e no Paraná, as regiões sudoeste, oeste e norte, e Ponta Grossa.

Além disso, o recuo também está relacionado à entrada da safra 2021/22 na Argentina (principal exportador mundial de derivados de soja), o que deve direcionar os importadores para o país vizinho.

A queda externa também pressionou as cotações domésticas. Na CME Group (Bolsa de Chicago), o primeiro vencimento do farelo de soja cedeu 0,8% entre a média de maio e a parcial de junho, com média de US$ 417,13/tonelada curta (US$ 459,80/t) no último período.

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