Essa é uma reprodução do Anuário do Leite 2022 da Embrapa. Por Glauco R. Carvalho e Denis Teixeira da Rocha.

Os laticínios adquiriram menos leite no ano passado se comparado com 2020, segundo pesquisa do IBGE. A região Sul é a que mais produz, com 39% do total.

O ano de 2021 foi bastante desafiador para a cadeia produtiva do leite no âmbito de margens. Com consumo mais fraco e custos de produção em alta, a rentabilidade da atividade caiu, derrubando também a produção. O volume de leite adquirido pelos laticínios fechou 2021 em 25,079 bilhões de litros, queda de 2,19% em relação a 2020, segundo os dados da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE.

Ao avaliar o comportamento da produção no ano, verifica-se que houve desaceleração ao longo de 2021. No primeiro trimestre, a produção de leite cresceu 2% em relação ao mesmo trimestre de 2020. Porém, nos trimestres seguintes houve queda, com o último trimestre ficando 5% abaixo do volume observado no mesmo trimestre de 2020. O fato foi que no segundo semestre de 2021 os preços do leite perderam força ao produtor, enquanto os custos seguiram em elevação, resultando em piora na rentabilidade.

Na produção por região, o Sul liderou esta estatística, com cerca de 9,8 bilhões de litros adquiridos pelos laticínios, seguido pela região Sudeste, com 9,5 bilhões de litros. Juntas, estas duas regiões representaram 77% do leite inspecionado no Brasil, em 2021 (figura 1). Foi a primeira vez que o Sul liderou essa estatística, mostrando a força da região no mercado. Em 2010, a região Sul respondia por 33% do leite brasileiro, saltando para 39%, em 2021. O restante da produção ficou distribuído entre o Centro-Oeste, com 12% de participação na produção nacional, seguido do Nordeste, com 7,2% de participação, e da região Norte, com 3,9% de participação.

Entre os estados brasileiros, Minas Gerais continua líder absoluto com 6,192 bilhões de litros de leite, sendo responsável por 24,6% da produção nacional. Em seguida, os três estados da região Sul se destacam: Paraná, produziu 14% do leite do Brasil; Rio Grande do Sul, com 13,4%, e Santa Catarina, com 11,7%. Fechando os top10, estão os estados de São Paulo, Goiás, Bahia, Rondônia, Rio de Janeiro e Mato Grosso (tabela 1). Juntos, esses dez estados responderam por 92,2% da produção adquirida pelos laticínios inspecionados no Brasil, em 2021.

Uma questão que chamou a atenção na oferta de leite em 2021 foi a queda quase generalizada na produção. Pela figura 1 e tabela 1, é possível observar esse movimento. Entre as regiões, excetuando o Nordeste, onde a produção cresceu 4,7%, e a Sul, com pequeno aumento de 0,8%, nas demais a tendência foi de queda entre 4% e 5%. Da mesma forma, analisando os estados, a maioria registrou recuo na produção anual. O enfraquecimento da economia e do consumo e o aumento de custos fizeram o setor lácteo nacional ficar menor.

Tem sido observado movimento de consolidação no setor, com saída de produtores e laticínios, sobretudo os menores. Esse movimento já vem ocorrendo há algum tempo e também aconteceu em outros países. O que o ano de 2021 mostrou de diferente foi uma aceleração desse processo de consolidação no setor e também uma necessidade urgente de incrementos na gestão e adoção de tecnologias para seguir na atividade. A pecuária de leite está cada dia mais seletiva, intensiva em capital e exigindo ganhos de escala.