Esta é uma série, que traz trechos da publicação Boletim Técnico 199, da EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), Do pasto ao leite: uma atividade rentável e sustentável, Como produzir 18 mil litros de leite por hectare.
Criação das terneiras – 0 a 3 meses
Neste período, a terneira deve ficar em abrigos individualizados, sendo o sistema composto por uma cabana e por um piquete que deve ter uma área média 60m². O sistema deve ser planejado o mais próximo possível do centro de manejo, visando favorecer o acompanhamento e a eficiência da mão de obra no aleitamento.
Para o cálculo do número de cabanas, divide-se inicialmente o número de vacas por 12. Após multiplica-se o valor pelo período de ocupação das cabanas por terneira (recomendado de 3 meses), após multiplica-se por 50% e acrescenta-se mais uma (1,0) ou duas (2,0).
Ex: ((60 vacas/ 12) x 3) = 15 x 50% = 7,5 + 1 ou 2 = 8 ou 9
O uso de abrigos individuais, do nascimento da terneira até os três meses de idade, com a separação física das terneiras, provoca a redução da disseminação de doenças pela redução do contato dos bezerros com patógenos, além de permitir o controle do instinto de mamar umas nas outras.
A individualização aumenta o poder de observação sobre o animal facilitando a identificação imediata dos primeiros sinais de doenças. O sistema de cabanas individuais tem se mostrado muito eficiente, pois é de fácil manejo, oferece facilidade de monitoramento de consumo de ração, baixo custo e rápida adaptação das terneiras ao ambiente de manejo, pois permite o contato gradual com endo e ectoparasitas (Figura 31).
Criação das terneiras – 4 a 7 meses
Observa-se em sistemas que criam terneiras em grupo com grandes diferenças na idade e tamanho uma maior dificuldade no fornecimento adequado da ração concentrada, no manejo e na adaptação dos animais mais jovens. Estas são dominadas pelas terneiras de maior idade e tamanho, acarretando uma piora no seu desempenho, com menores taxas de crescimento.
Em função disso, desenvolvemos um sistema de criação com uma segunda fase dos quatro aos sete meses, onde as terneiras são criadas em piquetes com abrigo individualizado. Ração concentrada e feno de alta qualidade são fornecidos no cocho (Figura 32).
O número de piquetes a ser estabelecido segue a mesma lógica do planejamento do sistema de criação na fase do nascimento até três meses, ou seja: divide-se inicialmente o número de vacas por 12, então se multiplica o valor pelo período de ocupação das cabanas por terneira, após multiplica-se por 40%.
Ex: ((60 vacas/ 12) x 4) = 20 x 40% = 8
O dimensionamento dos piquetes é determinado pela espécie forrageira utilizada e pela raça da terneira. Para a grande maioria das regiões do Estado recomendam-se gramíneas consorciadas com leguminosas de alto potencial produtivo (Ex: Tifton 85 consorciados com leguminosas com uma área de 180m² por terneira, ou 360m² se criadas em dupla).
Criação das terneiras - 7 a 16 meses
Do 7º ao 16º mês de idade, a Epagri desenvolveu um sistema de criação onde as terneiras têm acesso a um sistema de piquetes com sombra, bem como a um estábulo, onde elas receberão água, ração concentrada e feno de forma individualizada.
Este sistema tem como principais vantagens:
•Baixo investimento inicial, com instalações simples e funcionais;
•Diminuição da mão de obra, com maior eficiência e rapidez dos trabalhos, principalmente em relação às práticas sanitárias e ao monitoramento do crescimento das terneiras;
•Adequação das taxas de crescimento e desenvolvimento das terneiras, com ajustes individualizados da quantidade de ração concentrada fornecida por terneira;
•Maior adaptação das terneiras e novilhas à proposta de produção de leite à base de pasto;
•Diminuição dos custos de criação das terneiras, com melhorias nos indicadores técnicos e econômicos;
•Acostumar as novilhas ao sistema de canga e ao manejo, reduzindo significativamente seus problemas comportamentais na sala de ordenha e no estábulo;
•Facilitar a identificação e a cobertura (Inseminação Artificial) das novilhas.
Número de piquetes
Os piquetes podem ser planejados para dois dias de permanência, com um número de 14 a 16 piquetes.
Tamanho dos piquetes
O tamanho dos piquetes vai depender do tipo de pasto a ser utilizado, da raça e do número de terneiras a serem criadas no sistema. Nesta fase recomenda-se a utilização do Tifton 85 consorciado com leguminosas em função do seu potencial produtivo, do seu valor nutritivo, das exigências nutricionais das terneiras, e da facilidade para produção de feno do excesso de pasto produzido no período de verão.
O tamanho dos piquetes é determinado pelo número de Unidades Animal (UA) de terneiras presentes nesta fase, multiplicado pela área necessária por UA e pelo período de ocupação do piquete. A planilha de planejamento forrageiro calcula automaticamente o tamanho dos piquetes em função da escolha das espécies forrageiras e da área necessária por UA correlacionada ao período de ocupação do piquete (Figura 33).
Dimensionamento do Sistema de Piquetes - Novilhas e vacas secas
Estas categorias formam o 2º lote, podendo se utilizar de áreas mais distantes do centro de manejo, utilizando-se preferencialmente de pastagens com crescimento prostrado de fácil manejo.
Podem ser manejadas a cada dois (2,0) dias, ou seja, um (1,0) piquete com dois dias de ocupação. Projetam-se de 14 a 16 piquetes para estas categorias animais.
O tamanho dos piquetes é determinado pelo número de UA, novilhas e vacas secas presentes nesta fase, este valor é multiplicado pela área e pelo período de ocupação do piquete. A planilha desenvolvida para o planejamento forrageiro calcula automaticamente o tamanho dos piquetes em função da escolha das espécies forrageiras e da área necessária por UA correlacionada ao período de ocupação do piquete.