Outubro Mês das Máquinas: EUA Colhendo e Brasil Plantando. Marcos Fava Neves é Professor Titular dos cursos de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAEASP/FGV em São Paulo. Especialista em planejamento estratégico do agronegócio.
Segue nossas reflexões dos fatos e números do agro em agosto/setembro e o que acompanhar em outubro. Agosto marcou o segundo mês consecutivo de “deflação” na economia, criando uma tendência positiva para recuperação do país. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuou 0,36% no mês, sendo que em julho o indicador já havia apresentado baixa de 0,68%; é o segundo mês de deflação. Entre as categorias avaliadas, transportes foi a que apresentou o maior impacto, com redução de 3,37%, graças às quedas nos preços dos combustíveis, principalmente gasolina (-11,64%), etanol (-8,67%) e diesel (-3,76%); comunicações também evidenciou queda de 1,10%, com redução nos preços de planos de telefonia. Já em alimentos e bebidas tivemos incremento de 0,24% devido aos aumentos no frango (+2,87%), queijo (+2,58%) e frutas (+1,35%), mas as quedas no tomate (-11,25%), batata (-10,07%) e óleo de soja (-5,56%) ajudaram no equilíbrio do indicador.
Temos observado uma contínua melhoria nos indicadores econômicos dos últimos meses. Segundo o boletim Focus do Banco Central, divulgado em 19 de setembro, a inflação, medida IPCA, deve fechar 2022 em 6,00% e em 5,01% no ano seguinte; enquanto que para a taxa Selic a expectativa do mercado se mantem em 13,75% e 11,25% para os respectivos anos.
O crescimento econômico está em tendência favorável de alta, com Produto Interno Bruto (PIB) devendo alcançar 2,65% neste ano e 0,50% em 2023. Por sua vez, projeção do câmbio é estável para fechamento de ambos os anos, avaliado em R$ 5,20.
No agro mundial e brasileiro, o índice de preços dos alimentos da Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) caiu pelo quinto mês consecutivo segundo dados divulgados para mês de agosto. O indicador apresentou queda de 2,7 pontos (1,9%) em comparação a julho, chegando a 138,0 pontos, mas ainda é 10,1 pontos (ou 7,9%) superior ao valor constatado no mesmo período de 2021. Todos os subíndices apresentaram queda durante o mês: cereais (-1,4%), principalmente com a redução no preço no trigo com boas perspectivas para safra de Canadá, EUA e Rússia, além da retomada das exportações nos portos do Mar Negro; óleo vegetais (-3,3%), carnes (-1,5%), laticínios (-2,0%) e açúcar (-2,1%).
Em nível nacional, a 12ª e última estimativa da Companha Nacional de Abastecimento (Conab), relativa à safra brasileira de grãos em 2021/22 indicou que a produção fica em 271,2 milhões de t; 200 mil t a menos na comparação com a projeção de agosto. Ainda assim, fechamos a safra atual com oferta 5,6% maior do que o ciclo 2020/21. Entre as principais cadeias, no milho, a produção foi de 113,3 milhões de t (1,4 milhão de t a menos na comparação com agosto), crescimento de 30,1%, sendo que 86,1 milhões de t (ou 76%), corresponde a 2ª safra; 42% maior que 20/21. Já a produção de soja ficou em 125,5 milhões de t, 9,9% inferior a passada, em virtude dos problemas com o clima durante o cultivo de verão, especialmente nos estados da região sul. Por fim, no algodão, a oferta de pluma cresceu 8,3%, com 2,6 milhões de t registradas; era de 2,7 milhões de t em agosto e foi de 2,36 na última safra.
Já a análise do progresso de safra, divulgada também pela Conab, mostra que, até o último dia 10 de setembro, a colheita do milho 2ª safra alcançou 98,7% das áreas totais do país (era de 97,0% há um ano), ou seja, está praticamente concluída. As operações no algodão também foram finalizadas com 99,1% de progresso, avanço relevante frente aos 94,0% registrados na mesma data de 2021. O relatório ainda indica que a colheita do trigo foi iniciada no Brasil: até 10/09, 11,8% das áreas haviam sido colhidas, contra 4,7% no mesmo período do ciclo passado.
Em geral, o ritmo operacional segue superior ao da última safra, o que traz boas janelas para planejamento e semeadura do ciclo seguinte.
A Conab também divulgou as “Perspectivas para a Agropecuária em 2022/23”, com números tanto para grãos como para as cadeias da pecuária de corte. Nos grãos, a produção total deve alcançar 308,3 milhões de t, 37 milhões de t a mais na comparação com 2021/22 ou crescimento de 14%. Já a área total deve ficar em 75,6 milhões de ha, aumento de 2,5% ou 1,8 milhão de ha adicionais. O crescimento percentual superior na produção é resultado da alta na produtividade média nacional que passa de 3,68 para 4,08 t por ha, 11% maior.
Em relação a área das principais culturas em 2022/23, temos: a soja terá 42,4 milhões de ha (+ 3,5%); no milho serão semeados 22,1 milhões de ha (+ 2,5%), sendo que 16,9 milhões de ha serão cultivados em 2ª safra (+ 3,5%); e no algodão, a projeção é de que sejam plantados 1,6 milhão de ha (+ 1,6%).
Já em termos de produção, o cenário é o seguinte: a soja deve entregar 150,4 milhões de t (+ 21,2%); o milho, outros 125,5 milhões de t (+ 9,4%), dos quais 94,5 milhões de t serão produzidos na safrinha (+ 8,2%); e o algodão deverá ofertar 2,9 milhões de t de pluma (+ 6,8%).
Nas cadeias da pecuária de corte, a Conab estima que em 2023 a produção de carne de frango será de 15,55 milhões de t (+ 2,5%), com exportações em 4,48 milhões de t (- 1,7%) e disponibilidade interna de 11,07 milhões de t (+ 4,2%). Como resultado da maior oferta interna, a disponibilidade deve passar de 49,4 (2022) para 51,2 kg por habitante no ano (2023).
Na carne bovina, a produção deve alcançar 8,67 milhões de t (+ 2,9%) em 2023, com exportações estimadas em 3,13 milhões de t de carcaça equivalente (+ 5,0%), enquanto que a disponibilidade interna será de 5,60 milhões de t (+ 1,8%). Já a consumo per capita nacional da proteína bovina deverá ser de 25,9 kg por habitante no ano, alta de 1,1%.
Por fim, na carne suína, a Conab estima que serão produzidas 5,01 milhões de t equivalente de carcaça em 2023 (+ 5,3%), com exportações em 1,18 milhão de t (+ 8,9%) e disponibilidade interna de 3,94 milhões de t (+ 4,3%), o que deve resultar em um crescimento de 18,2% na disponibilidade per capita, passando de 17,6 (2022) para 18,2 kg de carne suína por habitante no ano (2023).
Em âmbito internacional, neste início de setembro, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou novas projeções para a safra global de grãos em 2022/23. No milho, a produção deve ficar em 1,172 bilhão de t; são 7,0 milhões de t a menos na comparação com o relatório de agosto e 3,9% inferior a produção de 2021/22. O principal motivador desta baixa foi a piora do clima nos Estados Unidos, o que reduziu em 10 milhões de t a produção do cereal naquele país: serão 354,2 milhões de t neste ciclo (-7,7%). No Brasil, a projeção continua sendo de 126,0 milhões de t (+ 8,6%), uma vez que a safra ainda está sendo iniciada. Como resultado da menor oferta global, os estoques passaram de 307,0 (agosto) para 304,5 milhões de t (setembro), 2,4% menor do que 2021/22.
Na soja, o USDA também jogou para baixo as estimativas: de 392,8 milhões de t no último mês para 389,8 milhões de t agora em setembro, também resultado da piora nas condições das lavouras norte-americanas. Ainda assim, a oferta da oleaginosa deverá ser 10,4% superior em 2022/23. Nos principais países produtores, temos: Brasil deverá produzir 149,0 milhões de t (+ 18,3%); e os Estados Unidos outros 119,2 milhões de t (- 1,2%). Já os estoques globais deverão ficar em 98,2 milhões de t (era de 101,3 em agosto), ainda 10,3% superior ao do ciclo passado.
Importações de milho na Europa estão cerca de 80% maiores, devido à seca que pode fazer a produção ser a menor em 15 anos. China tem importado menos soja devido à uma menor produção no Brasil, pressão nas margens dos esmagadores, mas deve aumentar. Nos EUA a situação das principais das lavouras segue abaixo dos níveis registrados no mesmo período de 2021/22. No milho, 7% da safra dos USA havia sido colhida já em 20/09. Clima seco deve acelerar a colheita agora. Aproximadamente 53% das lavouras estão em condições excelentes e ótimas. Na soja, a lavoura nos EUA está um pouco atrasada devido ao plantio mais tardio, colocando um risco maior do clima ao final. Apenas 3% havia sido colhida, contra a média de 5% dos últimos anos. 56% das lavouras estão em condição excelente ou boa.
No algodão, a situação segue bastante crítica: apenas 29% das lavouras apresentavam a condição “boa” até 11 de setembro, contra 50% há um ano. A colheita da pluma também foi iniciada e alcança 8% de progresso, 4 pontos percentuais acima do mesmo período de 2021.
Em agosto, as receitas com exportações do agronegócio brasileiro alcançaram US$ 14,81 bilhões, incremento de 36,4% em comparação ao mesmo período de 2021.
Os preços internacionais das commodities continuam sendo o principal elemento dentro da composição do valor, uma vez que estão 21,2% superiores aos de agosto de 2021, mas os volumes também cresceram 12,6%, motivados pela safra recorde de milho. O complexo soja segue liderando as exportações, com receita mensal de US$ 5,07 bilhões, crescimento de 34,2%; impulsionado principalmente pela soja em grão, que representou de 62,1% destas receitas (US$ 3,79 bilhões). Na segunda posição aparecem as carnes, com arrecadação total de US$ 2,38 bilhões (+23,4%), recorde para o mês, sendo que a bovina rendeu US$ 1,36 bilhão (+34,6%); a de frango US$ 902,28 milhões (+36,3%); e a suína pouco mais de US$ 266 milhões (+28,9%). O milho foi um dos grandes protagonistas da pauta exportadora, atingindo pela primeira vez, considerando todos os meses da série histórica, um faturamento de US$ 2,03 bilhões, graças ao volume recorde embarcado de 7,49 milhões de t e preços 41,6% maiores que no mesmo mês do ano passado. Com isso, cereais farinhas e preparações conquistaram a terceira colocação, exportando US$ 2,20 bilhões (+138,8%). Na sequência do ranking, em quarto lugar, aparecem os produtos do complexo sucroalcooleiro, com US$ 1,44 bilhão (+57,3%) de receitas em agosto. Por fim, na quinta posição temos os produtos florestais, arrecadando US$ 1,41 bilhão (+13,2%).
Do lado das importações, o setor dispendeu US$ 1,68 bilhão para adquirir produtos do exterior, configurando recorde para o mês dada a série histórica iniciada em 1997, e valor 34,5% superior ao obtido em agosto do ano passado. O trigo foi o produto mais comprado pelo Brasil, com valor de US$ 236,63 milhões (+44,1%). Com isso, o saldo da balança comercial do setor apresentou superávit de US$ 13,12 bilhões, 37% maior que o obtido no ano passado neste mês.
Em nova revisão para Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) reduziu mais uma vez o faturamento previsto para o ano de 2022, de R$ 1,220 trilhão, no mês passado, para R$ 1,207 trilhão em setembro. Dessa forma, o montante deve ser ligeiramente inferior àquele constatado no ciclo passado, variando 0,3% negativamente. Para as lavouras, a previsão de faturamento é de R$ 824,19 bilhões, incremento de 1,7%; enquanto que a atividade pecuária deve somar R$ 369,15 bilhões, baixa de 4,4%.
Algodão, café, milho e trigo devem apresentar recordes em seus respectivos valores, considerando-se uma série histórica de 33 anos. Impressionante o que a agricultura deverá entregar em 2022!
Também em setembro, o Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) divulgou a primeira reestimativa da safra 2022/23 de laranja no cinturão citrícola São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, indicando uma redução de 0,9% com redução a produção estimada inicialmente; ou 2,86 milhões de caixas a menos. A safra atual está agora projetada em 314,09 milhões de caixas (40,8 kg).
No 2° trimestre de 2022 (abril a junho), o agronegócio brasileiro empregou cerca de 19 milhões de pessoas, segundo dados divulgados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). O montante é 4,6% superior ao mesmo período de 2021; são 839 mil empregos a mais. Já o PIB (Produto Interno Bruto) do setor deve fechar o ano de 2022 com crescimento de 2,8% segundo a previsão mais recente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Com o estabelecimento de medidas de estímulo a renda e programas sociais, além da recuperação econômica, o consumo das famílias deve ser maior neste 2° semestre, o que deve favorecer o setor.
No 2° trimestre de 2022, o PIB do agro cresceu 0,5% de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em agosto, as importações de fertilizantes pelo Brasil caíram 19,8% com volume de 3,48 milhões de t importadas; em julho, as compras somaram 4,34 milhões de t. Ainda assim, no acumulado do ano seguimos com recorde nas importações: de janeiro à agosto, somamos 27 milhões de t, 10% maior do que o mesmo período de 2021. Nesse mercado, um aspecto que chama atenção é que o preço da ureia cresceu 15% nas últimas duas semanas, estando em torno de US$ 100 por t. Já o fosfato monoamômico (MAP) caiu 11,0% e o cloreto de potássio (KCl) está com preços 9,0% menores.
Em julho, a venda de máquinas agrícolas (tratores e colheitadeiras) e de construção ou rodoviárias (retroescavadeiras, pás-carregadeiras, motoniveladoras e outras) somaram 9,1 mil unidades no país, 16,4% maior do que o mesmo mês de 2021. Ainda assim, houve uma leve queda nas vendas, de 3,4%, entre junho e julho de 2022. Nos 7 primeiros meses deste ano, 59 mil unidades foram comercializadas em todo o país, crescimento de 26,5% no comparativo com o mesmo período do ano passado; dados são da Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea).
Em pesquisa feita pela Brasil Panels com 4.215 pessoas de diversas regiões, faixas etárias e classes sociais no país, mostrou que 65% das pessoas veem a atuação do agronegócio de forma positiva; enquanto 22,0% declararam que boicotariam o setor. Outro dado relevante mostra que quem já trabalhou com o agronegócio (1) ou quem tem parentes atuando no setor (2) tendem a avaliar de forma mais positiva: 84% e 80% de aprovação, respectivamente. A população entre 30 e 59 anos de idade tendeu a ser mais crítica do que o restante em relação a aspectos ambientais.
A McKinsey divulgou recentemente o seu estudo relativo ao comportamento do agricultor em relação a digitalização; neste ano, pela primeira vez, a pesquisa foi realizada em âmbito global a fim de comparar as práticas do agricultor brasileiro com os de outras regiões do mundo. No total, foram entrevistados 5.600 produtores em nove países, sendo que 2.000 foram brasileiros, das regiões Sul, Centro-Sul, Cerrado e do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Entre os principais destaques do estudo estão: 1°) no Brasil, cerca de 80% dos agricultores utilizam plantio direto e 61% utilizam alguma forma de controle biológico. Nos EUA, apenas 30% dos produtores utilizam o controle biológico; 2°) Os agricultores brasileiros são mais digitalizados que os americanos e europeus, com média em torno de 40%; 3°) Houve uma queda na utilização de modos tradicionais de financiamento (como o barter) por produtores brasileiros, de 39% (último relatório) para 32%, especialmente pelo fato de estarem mais capitalizados. Por outro lado, os agricultores estão mais interessados em operações sofisticadas como hedging e seguro; 4°) Apenas 6% dos produtores brasileiros monetizam algum tipo de crédito de carbono, embora 90% dos agricultores tenham interesse. Nos EUA, 12% dos agricultores monetizam, também baixo.
Na cadeia do café, no início de setembro, o Brasil alcançou 98% de progresso na colheita, segundo Safras & Mercado. Em relação a comercialização, a consultoria indica que 45% do estimulante a ser produzido na safra 2022/23 já havia sido vendido, 8 pontos percentuais abaixo do mesmo período de 2021, embora esteja acima da média histórica do período, que é de 43%. Com uma estimativa de produção em 61,1 milhões de scs (60 kg) em 2022/23, 54 milhões já foram colhidas e 28 milhões comercializadas.
Outro aspecto interessante em relação ao café são os preços. Nos últimos 12 meses, entre setembro de 2021 e agosto de 2022, os preços do indicador “Arábica Cepea/Esalq” saltaram de R$ 1.088/sc para R$ 1302/sc na média mensal, 19,7% maior e atingindo pico de R$ 1.485/sc em fevereiro deste ano. Embora tenha registrado diversas altas em 2022, os preços do café têm oscilado com tendências de baixa nos últimos meses, especialmente com o avanço da colheita no país. Nas parciais de setembro, até o dia 16, a média mensal é de R$ 1301/sc e em 14 de setembro fechou o dia cotado em R$ 1.265/sc.
Fechamos aqui a nossa seção de análise do agronegócio com as principais cotações na data de fechamento da nossa coluna. A soja, considerando entrega em cooperativa do estado de São Paulo, estava em R$ 178,50/sc para entrega em setembro/22; R$ 179,80/sc para outubro/22; R$ 168,80 para fevereiro/23; e R$ 168,00/sc para março/23. No milho, o preço físico ficou em R$ 84,00/sc e para entregas em setembro, outubro e novembro de 2022, fechou em R$ 79,80/sc, R$ 80,80/sc e R$ 81,10/sc, respectivamente. No algodão, o preço estava em R$ 207,84 por arroba (Base Esalq). Demais preços do agro nos indicadores do Cepea/Esalq em 16/09 estavam: boi gordo em R$ 294,55/@, 4,7% menor no comparativo mensal; bezerro no Mato Grosso do Sul em R$ 2.730,10/cb, alta de 6,8% no mês; e laranja para indústria em R$ 31,64/cx, 1,3% maior do que a mesma data de agosto.
Os cinco fatos do agro para acompanhar em outubro são:
1. Início e evolução no plantio da mega safra brasileira de grãos em 2022/23. Entre setembro e outubro, as principais regiões produtoras iniciam a semeadura e precisamos acompanhar como será o avanço, especialmente torcendo para condições favoráveis de clima (que as chuvas cheguem mais cedo). Vale lembrar que quanto antes avançarmos no plantio, melhores serão as condições para nossa 2ª safra.
2. Finalização e balanço das safras de milho (safrinha), algodão e culturas de inverno (especialmente o trigo). Como vimos no nosso resumo, as duas primeiras estão com a colheita quase finalizada; e o trigo segue em estágio inicial, mas com bons avanços. Vamos ficar de olho nos números finais agora, a fim de confirmar o que as estimativas vinham apontando nos meses anteriores.
3. Seguir de olho na safra de grãos nos Estados Unidos, que entra agora na reta final. Algumas culturas, como o milho e o algodão já registram início das colheitas. Vale lembrar que grande parte das culturas foi semeada mais tarde neste ano, o que deve atrasar a operação final, submetendo os campos aos riscos trazidos pelo início do inverno e chegada da neve. A produção, que já vem sendo afetada pelo clima seco, pode ainda vir abaixo neste final de ciclo. Vamos torcer para que isto não aconteça, contribuindo para amenizar os altos custos globais de alimentos e outros.
4. Continuar acompanhando também o contexto geopolítico global e fatos como a alta na inflação nos Estados Unidos; a grave crise energética na Europa, que também tem afetado os custos e preços nos países do bloco e da região; e o triste conflito entre Rússia e Ucrânia que infelizmente parece estar distante do fim, inclusive com novas graves ameaças por parte da Rússia. É relevante olhar para estes fatos e avaliar como eles estão interferindo em indicadores como o câmbio, petróleo, preços de insumos, transporte e outros.
5. Inevitavelmente, acompanhar o cenário político-econômico no Brasil. Em outubro acontecem nossas eleições e, a depender de qual será o resultado, teremos diferentes reações nos mercados. Acompanhar estes movimentos para saber como se planejar, antecipar possíveis riscos e até mesmo mapear oportunidades é essencial neste momento!
Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio. Acompanhe outros materiais na página DoutorAgro.com, no canal do Youtube e no MarketClub Sicoob Credicitrus, a quem agradecemos ao apoio para elaborar este texto, que tem como a co-autoria do Vinicius Cambaúva e Vitor Nardini Marques.