Frederico Garcia Lima é médico veterinário, trabalha desde 2006 com consultoria gerencial em fazendas de leite, atuando em várias propriedades, inclusive com fazenda ranqueada no top 100 do Milkpoint. Tem pós-graduação em Nutrição de Plantas e Fertilidade de Solos. Trabalhou junto com empresas de consultoria, como a Equipe Prodap (hoje Exagro) e no Educampo. Possui ainda diversos cursos na área de gestão e Educação Financeira, atuando hoje pela sua empresa, a GL Consultoria.

Avaliar as tecnologias existentes e decidir por adotar em sua propriedade as que se encaixam no seu modelo de produção, consiste numa ação de gerenciamento muito importante para melhorar e eficiência e a rentabilidade de seu negócio.

O uso do grão de milho reidratado, conservado na forma de silagem na fazenda é uma excelente alternativa que possibilita reduzir o custo com concentrado na atividade.

A reidratação consiste em moer o milho e ao ensilar, adicionar água. É importante misturar bem a água ao milho moído, formando uma massa uniforme, evitando áreas mais úmidas e outras mais secas.

Uma forma prática de se calcular a quantidade de água é adicionar a cada 1.000 kg de fubá (seco), 330 litros de água, e misturar bem, como destacado acima.

Além da melhora na digestibilidade do fubá, ou seja, melhor aproveitamento pelos animais, o que significa incrementos na produção de leite e no ganho de peso dos animais, quando vamos pesar o material para ser fornecido aos animais, usamos a silagem de grão reidratado na mesma proporção de que usaria o fubá, ou seja, a água adicionada entra na dieta sem correção. Didaticamente falando, os 1.000 kg de fubá seco se tornarão 1.330 kg de silagem de grão reidratado.  

Existem alguns formatos de se armazenar esta silagem, mas os principais são os tambores, os silos trincheiras e os silos-bolsa. Em qualquer um dos modelos adotados, compactar o material é essencial para sua conservação.

No tambor, vedar bem a tampa com lona, para evitar entrada de ar, e quando abrir, colocar a lona diretamente sobre o material para evitar ao máximo o contato do material com o ar, entre uma retirada e outra.

No silo trincheira, compactar bem o fundo e forrar de lona o fundo e as laterais e depois a lona de cima é aplicada, envelopando o material.

O silo-bolsa precisa de um maquinário específico para ser feito, e na minha experiência das opções é a que apresenta o maior percentual de perda de material, porque ficam algumas partes com ar entre a lona e o fubá reidratado, o que leva a crescimento de fungos, e o material alterado deve ser descartado e não fornecido aos animais, mas sem dúvida é uma opção a ser utilizada e de baixo custo.

Por se tratar de um alimento altamente nutritivo, é preciso ter cuidados com a silagem para que não haja crescimento de fungos, ou seja, para não “perder o silo”. Um manejo importante para isto, já considerando que o material está bem armazenado, é respeitar a fatia de cortequantos centímetros são extraídos do silo diariamente. Independente da forma de armazenagem (tambor, silo trincheira, silos-bolsa ou outros), é preciso retirar no mínimo 15 cm de material “de fora a fora” por dia, para evitar o crescimento de fungos e manter a silagem preservada e sem risco para os animais.

Para calcular o quanto é necessário de milho ou fubá para fazer a silagem de grão reidratado e fornecer aos animais, é preciso levar em consideração quantos quilos de fubá seus animais consomem diariamente. Depois faz-se uma previsão de consumo para os próximos dias ou meses, dependendo da sua estratégia de compra. Quando tiver o número de previsão de consumo em mãos, como irá reidratar o material (colocar água), você pode (e deve) comprar o milho ou fubá, descontando a água que irá adicionar. Por exemplo, se você fez o cálculo e verificou que necessitará de 5.000 kg de fubá para fornecer aos animais durante 30 dias, você pode comprar 3.800 kg, ou seja, 24% a menos.

É uma boa economia, não é mesmo?

Outro aspecto que deve ser considerado é a questão da oportunidade financeira. Se você tem uma previsão de consumo de fubá para por exemplo 6 meses, você tem algumas opções a decidir com esta informação:

1) Comprar mensalmente a quantidade de fubá, reidratar e ensilar, e abrir e fornecer aos animais depois de 30 dias

2) Se tiver dinheiro em caixa, buscar épocas do ano de preço do milho mais baixo e comprar para 6 meses (que é o nosso exemplo)

3) Se não tiver dinheiro em caixa, avaliar a opção de tomar um empréstimo de custeio, porque você pode travar o preço do milho que irá consumir, fugindo das oscilações do mercado e, como irá reidratar e comprar uma quantidade menor do que iria comprar do grão seco, mesmo pagando juros (fiz o cálculo de juros a 7% ao ano) ainda é possível economizar 20% no período.

Acompanhe os cálculos:

Todos os conceitos acima podem ser usados também para uso de sorgo como silagem de grão reidratado. Um detalhe é que para ter uma eficiência semelhante à do milho, deve permanecer ensilado por no mínimo 60 dias para depois ser fornecido aos animais.

Portanto, conhecer as opções de tecnologia disponíveis é muito importante, porque nos dá a oportunidade de reduzir o custo de produção.

É importante também avaliar as opções financeiras que temos à nossa disposição, pois elas podem nos possibilitar, trabalhando com consciência e disciplina, contribuir no aumento da rentabilidade da pecuária de leite.

Pense nisso!

Abraço e sucesso!