João Batista Tonaco Neto é Engenheiro Agrônomo, formado pela Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba/MG e sócio da Êxito Consultoria Agropecuária. João Neto escreveu esse artigo, compartilhando sua experiência com o uso da aveia na propriedade de sua família em Luz/MG.
O Brasil é hoje o maior exportador de grãos do mundo, sendo considerado o celeiro mundial, isso se deve principalmente ao trabalho e a inovação de pesquisadores e agricultores que desenvolveram nas últimas 4 décadas a agricultura tropical. Por ser um país de clima tropical, o Brasil se destaca de seus concorrentes devido a produção de duas safras por ano, que hoje com a ampliação do sistema de integração lavoura-pecuária já pode ser considerada como 3 safras (soja, milho, pasto). Esse sistema vem ganhando notoriedade tanto pelos seus benefícios econômicos, como também com a melhora das condições físicas e químicas do solo. Uma das alternativas para a terceira safra em regiões com uma boa pluviometria entre os meses de abril e junho é a aveia.
A aveia é uma planta de clima frio bastante utilizada na região sul do país como forragem para pastoreio e como cobertura do solo na época do inverno, porém vem ganhando destaque também na região sudeste, tanto em áreas irrigadas como em áreas de sequeiro, principalmente nas propriedades que adotam o sistema de integração lavoura-pecuária. Essa gramínea é dividida em três espécies: Aveia Preta–Avena strigosa, Aveia amarela–Avena bysantina e Aveia branca-Avena sativa, dessas se destacam a aveia branca e a preta.
A aveia aparece como alternativa para ser utilizada como cultura de safrinha ou terceira safra, por ser uma ótima planta para a produção de palhada. Além disso, em sistemas de pastejo irrigado esta pode ser sobressemeada juntamente com o azevém sobre forrageiras como Tifton 85, Jiggs ou Braquiarão, melhorando a qualidade bromatológica das pastagens durante o período da seca.
Quando utilizada no pós-safra, como cultura de inverno, pode ser utilizada para pastejo, ensilagem, produção de sementes ou como adubo verde (principalmente por reduzir a infestação de plantas daninhas). Como pastejo o indicado é que os animais entrem na área quando a planta apresentar altura de no mínimo 30 cm. Com esta altura a aveia apresenta entre 24 a 27% de proteína bruta sendo uma ótima alternativa para a dieta dos animais. A altura de retirada dos animais deve ser feita quando esta estiver entre 7 e 10 cm de altura, o pastejo pode ser feito de forma rotacionada, em faixa ou extensivo.
Para garantir uma boa qualidade e produção de silagem o indicado é que o corte seja realizado quando a planta já tenha soltado sementes e estejam começando a secar.
O plantio deve ser realizado entre abril e maio, para aproveitamento das chuvas desse período, podendo ser feito a lanço (100 kg de sementes/ha) ou em linha com espaçamento de 17 cm (60 kg de sementes/ha). Para pastejo a entrada dos animais se dá em torno de 50 dias após o plantio e para a produção de grãos entre 110 e 120 dias.
Assim a aveia aparece como uma excelente alternativa de baixo custo para o período de inverno, tanto pelos benefícios que traz ao solo, mas também como opção na dieta de vacas leiteiras e para bovinos de corte, devido aos seus altos valores bromatológicos.