Adilson de Paula Almeida Aguiar, Zootecnista, Especialista em Didática do Ensino Superior, em Solos e Meio Ambiente e em Produção Animal em Pasto; professor e pesquisador na FAZU de Forragicultura e Nutrição Animal no curso de Agronomia, de Forragicultura e de Pastagens e Plantas Forrageiras no curso de Zootecnia; foi coordenador técnico dos cursos de pós-graduação em Manejo da Pastagem e de Nutrição e Alimentação de Ruminantes; palestrante, consultor de projetos de pecuária de corte e de leite da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário; investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.
Uma vez estabelecida a pastagem e a aplicação dos conceitos e do desenvolvimento dos procedimentos de manejo do pastejo, é preciso gerir o crescimento e a produção de forragem, como também a sua utilização e conversão em carne ou leite.
O uso de metas de pasto (altura), tema abordado nesta coluna, são ferramentas poderosas para o controle do processo de pastejo (determinantes dos períodos de ocupação e de descanso dos piquetes, etc), entretanto, não determinam a capacidade de suporte e nem permitem o cálculo de consumo de matéria seca (MS) e a eficiência do pastejo, a não ser que a densidade da massa de forragem já tenha sido calibrada, o que ainda não é uma realidade para todas as diferentes condições dos sistemas de pastagens brasileiros. A base de um programa de gestão da produção de forragem em sistemas de pastejos são as técnicas de medição.
Sequência de procedimentos para a coleta de amostras de forragem em campo usando a técnica direta do quadrado.
a. Lançamento da moldura dentro do piquete.
A moldura deverá ser lançada em quatro pontos por área homogênea. Geralmente, em pastagens intensivas com áreas pequenas cada piquete constitui-se em uma área homogênea, entretanto, em piquetes com maiores áreas, principalmente naquelas extensivas, o normal é a identificação de duas, três ou mais áreas homogêneas, quando então a moldura deveria ser lançada em oito, em 12, ou mais pontos, respectivamente.
O percurso deve ser errático, ou em zigue-zague, evitando-se cupinzeiros, formigueiros, pontos extremos (plantas, muito altas, ou muito baixas), a presença de bolo fecal, locais onde foram armazenados corretivos e adubos, sob a sombra, proximidade com malhadouros e terraços de contenção de erosão
b. Medida da altura do pasto.
Está aumentando a evidência de que as medições da superfície de altura do pasto possibilitam melhor indicação tanto da produção de forragem quanto do desempenho animal.
Tomar a medida da altura em 10 a 20 pontos a cada 2.000 m2 (0,2 ha); o valor da altura é obtido por meio de medição do plano superior médio de folhas, sem esticar ou comprimir os perfilhos; a frequência de medição sugerida é de uma vez por semana em todos os piquetes com altura próxima a altura meta de pastejo.
A superfície de altura do pasto pode ser definida como sendo a altura média das folhas mais altas sem provocar distúrbios na massa de forragem. A altura do pasto deve ser tomada em 40 a 50 pontos da pastagem.
c. Coleta da amostra de forragem
É frequente o questionamento se a amostra não deveria ser coletada acima da altura de pastejo (no método de pastoreio de lotação continua) ou acima da altura do resíduo pós-pastejo (nos métodos de pastoreios de lotação alternada e rotacionada).
Quando o corte é feito acima de uma altura de resíduo pré-estabelecido deixa-se de calcular importantes parâmetros para a gestão dos recursos forrageiros, tais como: o consumo de forragem, a eficiência de utilização da forragem disponível e da forragem acumulada, a forragem acumulada e a taxa de acúmulo de forragem.
Em cada ponto onde uma amostra de forragem é coletada e pesada para o posterior cálculo da massa de forragem, retira-se uma subamostra que será levada para a determinação da porcentagem de MS. O peso desta subamostra dependerá da precisão da balança que se tem no local, podendo variar de 100 g a 500 g.
d. Determinando o teor de matéria seca.
A massa de forragem presente na pastagem tem em sua composição água e MS, sendo esses conteúdos variáveis em função da sua idade, da época do ano e das condições climáticas. O conteúdo de MS pode variar de 10% a mais de 80% e, por isso, é preciso determinar o conteúdo de MS da forragem já que o consumo de forragem pelo animal é considerado na base seca e a forragem que é cortada e pesada está na base original.
O teor de MS pode ser obtido através de vários métodos: a desidratação em estufa por 48 a 72 horas, à temperatura de 65 ºC ou a desidratação por 24 horas a 80ºC em forno micro-ondas quando a finalidade da amostragem também for para análise bromatológica, para a qual a temperatura e o tempo de desidratação devem ser controlados para não provocar alterações na composição química da amostra.
Em campo, tem sido gasto no máximo 16 minutos, com 8 pesagens da amostra a cada 2 minutos de forno micro-ondas se a finalidade da desidratação for a de somente determinar a porcentagem de MS para cálculo da massa de forragem.
No campo, a forragem cortada deve ser pesada imediatamente e o dado deve ser anotado. Coletar uma amostra para desidratar até peso constante e pesar o material seco obtido.
Na segunda parte deste artigo demonstrarei o passo a passo para calcular a capacidade de suporte da pastagem, o consumo de matéria seca de forragem e a eficiência de pastejo ou de utilização da forragem disponível – aguarde.
Assista ao vídeo abaixo: Compensa Adubar Pasto? O vídeo foi gravado pelo autor deste artigo Adilson Aguiar.