Adilson de Paula Almeida Aguiar, Zootecnista, Especialista em Didática do Ensino Superior, em Solos e Meio Ambiente e em Produção Animal em Pasto; professor e pesquisador na FAZU de Forragicultura e Nutrição Animal no curso de Agronomia, de Forragicultura e de Pastagens e Plantas Forrageiras no curso de Zootecnia; foi coordenador técnico dos cursos de pós-graduação em Manejo da Pastagem e de Nutrição e Alimentação de Ruminantes; palestrante, consultor de projetos de pecuária de corte e de leite da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário; investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.
Na segunda parte deste artigo demonstrarei o passo a passo para calcular o conteúdo de matéria seca da amostra de forragem trazida do campo, a massa de forragem ou forragem disponível, a densidade da massa de forragem, a forragem acumulada e a taxa de acúmulo de forragem. Os dados de medição de forragem usados neste texto são hipotéticos.
1) Calculando o conteúdo de matéria seca (MS) da massa de forragem disponível
O peso da amostra da forragem trazida do campo para ser desidratada foi de 500 g de matéria original (MO) ou matéria natural (MN). Após a desidratação o peso do material seco foi 125 g. Então:
A determinação da porcentagem de MS da amostra da forragem trazida do campo é a base para a sequência de cálculos que se seguem.
2) Calculando a massa de forragem (MF) ou forragem disponível (FD)
Em sistemas de produção em pasto, a forragem disponível está altamente correlacionada ao desempenho dos animais. Além disso, a disponibilidade de forragem é um indicador da quantidade de reserva forrageira, a qual pode ser utilizada parcialmente para tamponar eventuais oscilações nas taxas de crescimento da pastagem, como por exemplo, as causadas por estiagens ou geadas, sem que haja necessidade de ações enérgicas de controle, assim como suplementação ou venda de animais fora das épocas estabelecidas no planejamento.
O manejo da pastagem com base na disponibilidade de forragem (DF) designa a taxa de lotação que permite controlar, simultaneamente, a qualidade e a quantidade de pasto e manter a produtividade das plantas, enquanto influencia a produção animal. A DF é dinâmica, jamais permanece a mesma, mudando com a taxa de consumo pelos animais e também com o crescimento das plantas, variando de hora em hora e dia a dia, e de maneira semelhante, a qualidade da forrageira disponível também varia.
A massa de forragem é calculada multiplicando a porcentagem de MS obtida pela matéria original (MO) em um hectare, obtendo-se a massa de forragem (MF):
Com base na massa de forragem é possível calcular a capacidade de suporte para o ciclo de pastejo que se inicia em um dado piquete, o consumo de MS e a eficiência de utilização da forragem disponível após o término do período de ocupação em um dado piquete.
3) Densidade da massa de forragem (DMF)
É expressa em kg de MS/ha/cm e é obtida a partir da divisão da massa de forragem pela altura do pasto (leia a parte 1 desta sequência de artigos), tem-se:
O cálculo da DMF, e a sua calibração, fazem parte da técnica de dupla amostragem cuja finalidade é a de calibrar uma técnica indireta (medida da altura) a partir da técnica direta (corte e pesagem da massa de forragem) com a finalidade de no futuro determinar a MF apenas pela técnica indireta, como por exemplo, pela medida da altura.
4) Acúmulo de forragem (AF) ou forragem acumulada (FA)
É calculada a partir de:
AF = MF pré-pastejo – MF pós pastejo, onde:
AF = Acúmulo de forragem;
MF pré-pastejo = massa de forragem no pré-pastejo do ciclo de pastejo atual;
MF pós-pastejo = massa de forragem no pós-pastejo do ciclo de pastejo anterior.
Por exemplo:
AF = 5.000 – 2.500 = 2.500 kg MS/ha
Chama-se a atenção para a necessidade de se repetir a mesma sequência de procedimentos adotada antes do pastejo, nos piquetes após cada pastejo, para a medida do peso do resíduo pós-pastejo, com o qual se calcula o consumo de MS, a eficiência de utilização da forragem disponível e o acúmulo de forragem no próximo ciclo de pastejo.
5) Taxa de acúmulo de forragem
É expressa em kg de MS/ha/dia, usando os mesmos dados do exemplo anterior, tem-se que a MF do resíduo pós-pastejo foi de 2.500 kg de MS/ha, no dia 15/04/2020, e que MF do pré-pastejo, no dia 15/05/2020, será de 5.000 kg de MS/ha, a forragem acumulada seria 2.500 kg de MS/ha em um período de descanso de 30 dias. Então:
Com base na taxa de acúmulo de forragem é possível calcular a capacidade de suporte e a massa de forragem para o próximo ciclo de pastejo, a eficiência de utilização da forragem acumulada e o nível de extração de nutrientes do solo se análises da planta forem feitas concomitantemente à medição deste parâmetro.
Na próxima edição desenvolveremos os cálculos de capacidade de suporte, consumo de MS, eficiência de utilização da forragem disponível e da forragem acumulada, conversão e eficiência alimentar, entre outros parâmetros usados no planejamento alimentar de rebanhos em sistemas de pastejo.